quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Tempo de Chorar

Por Maria Beatriz Versiani


Como povo de Deus, nós freqüentemente rejeitamos a idéia da tristeza. Como se sentir tristeza, ou fracasso, ou decepção, fosse pecado. Esquecemos que o Senhor Deus nos criou com esse mundo de sentimentos dentro de nós, e a vontade Dele é sempre Boa, Perfeita e Agradável.

Então, não há razão para rejeitarmos tanto o deserto.

No deserto aprendemos.

No deserto nos encontramos com aquilo que existe de melhor e de pior em nós.

No deserto somos igualados ao outro, que, não importa se mais rico ou mais pobre, quando no deserto está sujeito às mesmas condições de todos os outros.

No deserto, sobretudo, somos consolados.

Deus habitou com seu povo no deserto. A festa dos tabernáculos era para lembrar que Deus havia feito seu povo habitar em tendas, lugares provisórios como esta vida, mas que ali também Ele habitava com eles, no tabernáculo que mandou construir e sobre o qual a sua Glória se manifestava.

Deus habitou no deserto. Ensinou  com isso,  que no lugar de passagem Ele também estaria com seu povo. Assim como nesta vida – lugar de passagem - Ele é Emanuel, Deus conosco.

A vida nesse mundo é lugar de provação. Temos algumas vitórias, mas a maior delas é que um dia estaremos livres de toda dor e sofrimento.

Enquanto sofremos, podemos sim chorar. Podemos sim assumir que apesar de sermos usados por Deus, as nossas vidas não são perfeitas. Somos vasos imperfeitos usados por um Espírito Perfeito. E aí reside a Glória Dele.

Queridos irmãos, as dificuldades com filhos, com trabalho, nos relacionamentos conjugais, e também aquelas que temos conosco mesmos são inerentes a nossa passagem por aqui.  Digo passagem, porque é provisória a nossa estadia. Um dia nos despediremos daqueles que amamos, da vida que construímos, e seremos transportados para uma outra realidade, que ainda não conhecemos.

O tempo de recolhimento da alma pode produzir crescimento. O bambu chinês passa cinco anos crescendo para dentro da terra até que desponte para a superfície. Podemos aprender com ele a crescer também, internamente. A terra úmida e escura faz crescer raízes fortes, que garantem a consistência da vida manifesta.

O tempo do silêncio comumente rejeitado pode nos levar a  reconhecer e assumir nosso lugar no mundo, na família, na igreja, nesta vida.

Portanto, seja-nos permitido desfrutar também do tempo em que a alegria não é aparente, mas em que estamos sendo trabalhados por Deus para fortalecer nossas raízes e, então, florescermos e darmos bons frutos.

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. (Ec 3: 1-8)


Maria Beatriz Versiani
Psicóloga Clínica graduada pela FCH - FUMEC - Belo Horizonte
Formação em Terapia Familiar Sistemica ( em andamento)
Membro do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos
Membro da Primeira Igreja Batista em Divinópolis - MG
Professora do Seminário Teológico Batista do Oeste de Minas - Disciplinas de Introdução à Psicologia e Psicologia da Religião
Casada há 10 anos com Vicente de Paula de Freitas e Castro
Mãe de Sarah

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