terça-feira, 5 de abril de 2011

PAI, MÃE, CONSOLADOR


por Maria Beatriz Versiani
- Aiiii! Manhêêê!!!

A mãe larga o almoço no fogo e sai correndo em busca da filha:

- O que foi dessa vez menina?

- Mãe, cortei meu dedo, olha! - E lá vem a menina segurando o dedo mindinho como se fosse cair da mão.

A mãe examina com cuidado e lupa o cortezinho minúsculo que nem sequer está sangrando. Sopra, dá um beijinho, afaga a cabeça da menina de 9 anos, que agora está crescendo muito e  vive trombando nas paredes e portas. A menina sai correndo – reconhecida em sua dor – e já nem se lembra mais o porque de tanto grito!

As mães são assim: consoladoras. Quando nos machucamos, cá estão elas, prontas para lavar o machucado: - Vai doer, mas tem que lavar, senão infecciona. - O coração delas arde enquanto, fingindo calma, parecem  não ligar para nossa dor.

O coração delas queima quando não temos amigos na escola, quando fracassamos na prova de geografia, quando, na adolescência, ensaiamos nossos primeiros passos nas pistas do amor... E pode mesmo se rasgar quando num belo almoço de domingo entramos em casa com um príncipe encantado . Em seu olhar maternal, antevêem o Sapo, e todos os sapos que provavelmente nos ajudarão a engolir enquanto trocam as fronhas de nossos travesseiros encharcados .

As mães não dormem. Por causa do choro do bebê, por causa da pesquisa de escola, ou aguardando nas madrugadas a chegada do filho pródigo. E quando ele chega, podem até mesmo fingir alguma indiferença para afinal não deixá-los pensarem-se assim tão importantes.

Descanso de mãe madura? Cuidar dos netos! E dá-lhe menino pulando e subindo, e televisão, e chocolate, e mexida na cozinha... Assim são as mães da minha memória.

Dia desses acordei  pensando nisto, e talvez por ver já próximo o dia das mães, tive um daqueles pensamentos malucos que de repente acendem uma luzinha na cabeça: NÃO É QUE O DEUS QUE CONHEÇO SE PARECE MUITÍSSIMO COM UMA MÃE? DEUS É MÃE!!!! AHNN??? DEUS É MÃE?

Espantada com o que sou capaz de pensar, corro para a Bíblia para fugir desta heresia,  e encontro assim:

“Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo de suas asas, mas vocês não quiseram.” (Mateus 23:37)

“Pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti”. (Isaias 49:15)

“Não é Efraim para mim um filho precioso, criança das minhas delícias? Porque depois que falo contra ele, ainda me lembro dele solicitamente; por isso me comovem por ele as minhas entranhas; deveras me compadecerei dele, diz o Senhor”.(Jr 31:20)

Quanta ternura de mãe nestas palavras. Deus é Deus. É Pai, é Filho e é Espírito Santo. Mas um de seus nomes, El Shaday, nos convida a adorá-lo em sua face de Todo-Poderoso, e também daquele que nutre, que amamenta. Em hebraico: El=Deus, Shadd= seios. A terra prometida para onde Israel é conduzido por Ele, é terra que mana leite e mel.

O seio é o primeiro objeto que a criança busca no corpo da mãe. Ele garante a vida, a sobrevivência, mas também o prazer e o aconchego.  Assim é El Shaday: Aquele que é Todo-Poderoso, completo, que nutre, que cobre com suas asas, como vemos no Salmo 91.

É por isto que neste  mês da mães, usufruindo da presença do Deus que é Pai e também mãe, nutridor e consolador, posso dizer, com o salmista:

Senhor, o meu coração não é soberbo 
nem os meus olhos são altivos; 
não me ocupo de assuntos grandes e maravilhosos demais para mim. 
Pelo contrário, tenho feito acalmar e sossegar a minha alma; 
qual criança desmamada sobre o seio de sua mãe, 
qual criança desmamada está a minha alma para comigo. 
Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.” (Salmo 131)


-- 
Maria Beatriz Versiani
Psicóloga Clinica
Psicóloga Associada ao CPPC - Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos
http://tizaversiani.blogspot.com
(37)8816.0585

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